terça-feira, julho 27, 2010

Leitura para as férias

O peido que a nêga deu quase não passa no cu
A nêga tinha comido
Da panela de um cigano
Pimenta, sebo e tutano
Cebola e peba dormido
Foi tão grande o estampido
Que se ouviu no Pajeú
Toda praga de urubu
Da caixa prego desceu
O peido que a nêga deu
Quase não passa no cu
Na fazenda Gado Brabo
Num casamento que havia
Comeu tanto nesse dia
Mocotó, feijão, quiabo
Meia noite abriu do rabo
Defecando o que comeu
Toda prega se rompeu
Na porteira do baú
Quase não cabe no cu
O peido que a nêga deu
Quando o peido quis fugir
As tripas se revoltaram
E o cu do peido vedaram
Para o peido não sair
O peido não quis pedir
Mas o cu se arrependeu
O peido inchou e cresceu
Do jeito de um cururu
Quase não cabe no cu
O peido que a nêga deu
cu seboso e vagabundo
O peido tinha razão
Um fundo fazer questão
De um peido passar no fundo
Mais veloz como um segundo
Esse peido endoideceu
Fez finca-pé no "suru"
Quase não cabe no cu
O peido que a nêga deu
Depois da grande explosão
A nêga se aliviou
A meninada apanhou
"Caco" de cu pelo chão
Pano de fundo e botão
Caroço e casca de umbu
Uma chibata de angu
Do entre perna desceu
O peido que a nêga deu
Quase não passa no cu
Não foi brincadeira não
Quando o rabo estremeceu
O peido que a nêga deu
Ribombou como um trovão
Ela firmou-se no chão
No tronco de um mulungu
Levantou o mucumbu
Abriu a tripa gaiteira
Quando o peido fez carreira
Quase não passa nu cu
Ela não tem cerimonha
De peidar seja onde for
Me disse Joaquim, senhor
Que essa nêga senvergonha
Viciou-se na maconha
Mocotolina e pitu
Bebe mais do que timbu
No samba de Zé Bedeu
O peido que a nêga deu
Quase não passa no cu
Quase não pode passar
O chefe da caganeira
O peido encontrou barreira
Deu vontade de voltar
Pois quem quer se libertar
Enfrenta até canguçu
Depois do maracatu
A dona do cu gemeu
O peido que a nêga deu
Quase não passa no cu
Eu não conheço valente
Por muito brabo que seja
Que não peido na peleja
Vendo o perigo na frente
Com o medo que a gente sente
Mais ligeiro o peido vem
Empurrado por xerém
Cebola, feijão, quiabo
Dizer na porta do rabo
O valor que o peido tem
No mundo não há ninguém
Pra saber mais do que eu
O valor que o peido tem
E o peido que a nêga deu
A nêga peidou peidou num trem
Que ficou de bunda pensa
Um nêgo pediu licença
Soltou um peido também
A nêga disse meu bem
peido grande só o meu
Vale por trinta do teu
Peidei melhor do que tu
Quase não cabe no cu
O peido que a nêga deu
Assim que o peido passou
Fez a nêga uma careta
A bunda ficou mais preta
O cu abriu-se e fechou
Um chifrudo perguntou
O que foi que aconteceu?
Um veado respondeu:
Ainda não sabes tu!
Quase não cabe no cu
O peido que a nêga deu
O peido é coisa comum
Chega para todo mundo
Mas de não passar no fundo
Talvez não haja nenhum
Quando a nêga soltou um
Fedendo a defunto nu
Não escapou urubu
Quem tinha venta perdeu
O peido que a nêga deu
Quase não passa no cu
peido não sabe o que faz
É comum cego sem guia
Quase o peido não saía
O volume era demais
Para passar por detrás
Foi tão grande o sururu
Entre castanha e caju
O caju foi quem venceu
O peido que a nêga deu
Quase não passa no cu
Assim que o peido gritou
Na chapeleta do fundo
Na quadratura do mundo
A voz do peido estrondeou
Velho Amazonas deixou
De lutar contra o Xingu
A preta cor do muçu
Disse ao peido o mundo é teu
O peido que a nêga deu
Quase não passa no cu
Se famoso quis ficar
Dante sofreu na comédia
Shakespeare, na tragédia
Camões em gôa a nadar
Teve Homero de cantar
Os feitos da raça grega
A que ponto o mundo chega
Um peido eterno ficou
Depois que imortalizou
Uma nêga e o cu da nêga
(Otacílio Batista Patriota )
Poeta repentista, nasceu a 26 de setembro de 1923, na Vila Umburanas, São José do Egito, sertão pernambucano do Alto Pajeú.

De boas intenções está o inferno cheio

Ouvi a notícia que a Segurança Social vai cancelar o apoio aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), entre os 18 e os 55 anos, que recusem "emprego conveniente", trabalho socialmente necessário ou propostas de formação.
Espero para ver se o Poder Local que com eles negociou o Rendimento Mínimo terá a capacidade de os colocar a trabalhar, ou se estes só aparecerão a limpar umas valetas e a alindar rotundas uns meses antes das eleições Locais, tal qual aconteceu há um ano atrás.
Uma parte da pobreza em Portugal anda de mão dada com a falta de vontade de trabalhar, isto é a falta de princípios éticos que encontramos até na gabarolice no dizer publicamente quanto recebem. Há grupos sociais onde uma boa parte dos seus membros nunca chegam a trabalhar em toda a sua vida, vivendo de expedientes, onde o Poder Local pratica um negócio de caridade e troca de votos. Pior ainda, dá-se azo a que encontrarem excelentes soluções para viverem à custa dos que trabalham e que, não raras vezes, ganham menos do que eles.
Temos por esta Gândara desse pobres que são verdadeiros novos-ricos ao pé de outros pobres que não tendo a etiquetas de pobre, trabalham e os sustentam.
De boas intenções está o inferno cheio.

sexta-feira, julho 23, 2010

Leis Universais para Engenheiros Ingénuos

Leis Universais para Engenheiros Ingénuos do Comité de Recomendações Práticas da Sociedade Internacional de Engenheiros Filósofos.
1. Em qualquer cálculo, qualquer erro que se possa introduzir, introduzir-se-á.
2. Qualquer erro em qualquer cálculo irá na direcção do maior dano possível.
3. Em qualquer fórmula, as constantes (especialmente as que se obtêm nos manuais de engenharia) devem ser tratadas como variáveis.
4. A dimensão mais vital de qualquer plano ou desenho é a que tem mais probabilidades de ser omitida.
5. Se apenas uma requisição puder ser assegurada para qualquer projecto, o preço estará para além do razoável.
6. Se uma instalação de teste funcionar perfeitamente, toda a produção de unidades subsequentes funcionará mal.
7. Todas as promessas de entrega devem ser multiplicadas por um factor de 2.0.
8. As maiores alterações ao produto serão sempre requeridas quando o fabrico estiver quase concluído.
9. As peças que pura e simplesmente não puderem ser montadas pela ordem errada, sê-lo-ão.
10. As peças intercambiáveis, não o serão.
11. As especificações de desempenho do fabricante devem ser multiplicadas por um factor de 0.5.
12. As especificações anunciadas pelos vendedores devem ser multiplicadas por um factor de 0.25.
13. As instruções de instalação e de operação enviadas com o aparelho serão imediatamente deitadas fora pelo Departamento de Compras.
14. Qualquer aparelho que exigja reparação ou manutenção será o menos acessível de todos.
15. As Condições de Assistência Técnica mencionadas nas especificações serão sempre ultrapassadas.
16. Se mais de uma pessoa for responsável por um erro de cálculo, ninguém terá a culpa.
17. Unidades idênticas que passaram com os mesmos resultados nos testes não se comportarão de forma idêntica quando em campo.
18. Se, na prática da engenharia, um factor de segurança for definido por meio da experiência do serviço a um dado valor, um tolo engenhoso calculará imediatamente um método para exceder o factor de segurança mencionado.
19. As cláusulas de garantia perdem a validade contra o pagamento da factura.

segunda-feira, julho 19, 2010

O Ladrão e o Cão da Casa

Querendo um Ladrão entrar em uma casa de noite para roubar, achou à porta um Cão, que com ladridos o impedia.
O cauteloso Ladrão, para o apaziguar, lhe lançou um pedaço de pão.
Mas o cão disse: Bem entendo que me dás este pão por que me cale, e te deixe roubar a casa, não por amor que me tenhas: porém já que o dono da casa me sustenta toda a vida, não deixarei de ladrar, se não te fores, até que ele acorde, e te venha estorvar. Não quero que este bocado me custe morrer de fome toda a minha vida .
(Furtado por aí)

terça-feira, julho 13, 2010

O deserto da Gândara

O deserto existe e avança aqui na Gândara.
Não é uma questão de mais ou menos chuva, de mais ou menos Inverno, pois só pelo facto do lavadouro da Ti Esquina Santa estar cheio de água em pleno Maio como este ano esteve, não foi o agravar da desertificação da Gandara adiado por mais um ano.
A desertificação da Gândara não se tem limitado à degradação dos solos com a destruição das dunas, que podemos ver nos mapas do Google, ao entulho espalhado a esmo que um dia de limpeza folclórica não resolve e só serviu de lavagem consciência do tipo ida á missinha, nem à degradação estritamente ambiental e geográfica, mas sim a grande parte do território gandarês e sua população activa que foi deixada ao abandono. Um mundo rural excluído da Política Agrícola Comum, definhado, resultado das negociações e gestões de ajuda comunitárias, a subsidio-dependência, tal qual todo o País Rural.
Para a Gândara rural, excluída da “agricultura moderna”, nem restou a criação de porco e galinha, ou a continuação do cultivo da horta. A floresta, parte integrante do processo agrícola gandarês, foi abandonada, estando em final de linha o seu conceito tradicional de propriedade. Galifões já estão a afiar o dente e o moto serra para abocanharem uma das poucas riquezas da Gândara, que é o uso da terra, pagando tuta-e-meia ao proprietário, sempre acenado com a bandeira de investidores e criadores de riqueza.
Existirão saídas minimamente airosas que venham a contrariar estas previsões tão negras?
Direi que sim, que são várias as saídas, mas muitos mais serão os caminhos que os gandareses terão de buscar.
Mas é preciso alertar para os cantos de sereia dos que se tem governado e se vão governando, e dos que se preparam para dar a golpada com o afunilar do quanto pior melhor que vai aplanando os caminhos dos salvadores, esses esfomeados sem Ética.
Hoje, apesar do sol, ando com nuvens negras!

segunda-feira, julho 12, 2010

domingo, julho 11, 2010

A Guitarra e o Músico

Mestre Paulo Soares abraça a Guitarra de mestre Alves André.

sexta-feira, julho 09, 2010

Tapar e encher

(roubado a autor identificado)
Há uma enorme diferença entre tapar o buraco e encher o buraco. Para encher o buraco era necessário primeiro tapar o dito, e do fundo da gamela muitos chupam. Lá no fundo escuro há muitos que não querem e não deixam ver os tubos ladrão que por lá existem.
O chamado crescimento do PIB não é só por si uma saída airosa.

quarta-feira, julho 07, 2010

Ir à bosta com um cesto

Rimar trabalho com orvalho será uma saída quando se fala para não dizer nada, enquanto se anda à bosta com cesto neste tempo de vender tudo, até a mãe se derem dinheiro por ela.
Quem irá segurar nas asas do cesto que transporta a moinha serão os mesmos de sempre, pois é à moinha que vamos cantando e rindo, a caminho do céu desse deus mão invisível que acena com crescimentos e ganhos para todos, mas que será só para os eleitos.
Ir à moinha foi prática na Gândara até às décadas de sessenta e setenta do século passado. Constava na recolha manual da bosta largada pelo gado ao longo dos caminhos. Foi um produto valioso para a fertilização das finas e pobres areias gandaresas. Ir à merda com um cesto foi prática que deu proveitos imediatos para a produção de riqueza local.
Na Gândara, bosta foi um símbolo de riqueza. Daí a célebre frase de ter mais dinheiro que merda.

terça-feira, julho 06, 2010

Pois!