domingo, janeiro 26, 2014

A pobreza dos católicos e a riqueza dos ateus


Ouçam esta peça como uma ajuda para perceber porque o papa Bento resignou e o papa Xico atua como atua. A decadência do cristianismo tem como base a crescente diminuição dos ingressos.
http://rsspod.rtp.pt/podcasts/at2/1210/2152295_121965-1210150828.mp3

2012-10-15 Espionagem no Vaticano - A pobreza dos católicos e a riqueza dos ateus por Joel Costa.

http://www.rtp.pt/play/podcast/251

O efeito manada

A realidade é muito teimosa e as nossas ações têm muitas vezes consequências inesperadas, fazendo com que o seu resultado seja o oposto às nossas expectativas iniciais, pois tomamos decisões suportadas no nosso muito limitado conhecimento. A incerteza faz sempre parte da equação, apesar de nós a ignoráramos e de tal nos ser escondida sistematicamente.
Por mais que penteiem a realidade, ela é muito teimosa a manter a guedelha levantada, enquanto a manada se precipita para ser caçada.

quarta-feira, janeiro 22, 2014

a eternidade


curvo-me a ti, rainha do mato. dobro o corpo,
com a testa e os olhos na crosta da terra. olho
com espanto a esteva e a simetria da flor, na
harmonia de tons verdes, de folhas cerzidas na
côdea dos dias. urze!, perfume doce!, tufo de
sementes, derramadas na areia. são os filhos
que te fazem eterna.
António Canteiro
o silêncio solar das manhãs
Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama 2013

segunda-feira, janeiro 20, 2014

“Estamos diante da ditadura do mais medíocre”

A Arte Contemporânea é uma farsa: Avelina Lésper


Com a finalidade de dar a conhecer seus argumentos sobre os porquês da arte contemporânea ser umaarte falsa“, a crítica de arte Avelina Lésper apresentou a conferência “El Arte Contemporáneo- El dogma incuestionable” na Escuela Nacional de Artes Plásticas (ENAP)sendo ovacionada pelos estudantes na ocasião.
 A arte falsa e o vazio criativo
A carência de rigor (nas obras) permitiu que o vazio de criação, o acaso e a falta de inteligência passassem a ser os valores desta arte falsa, entrando qualquer coisa para ser exposta nos museus
A crítica explica que os objetos e valores estéticos que se apresentam como arte são aceites em completa submissão aos princípios de uma autoridade impositora. Isto faz com que, a cada dia, formem-se sociedades menos inteligentes aproximando-nos da barbárie.
O Ready Made
Lésper aborda também o tema do Ready Made, expressando perante esta corrente “artística” uma regressão ao mais elementar e irracional do pensamento humano, um retorno ao pensamento mágico que nega a realidade. A arte foi reduzida a uma crença fantasiosa e sua presença em umero significado. “Necesitamos de arte e não de crenças”.
Génio artístico
Da mesma maneira, a crítica afirma que a figura do “génio”, artista com obras insubstituíveis, já não tem possibilidade de manifestar-se na atualidade. “Hoje em dia, com a superpopulação de artistas, estes deixam de ser prescindíveis qualquer obra substitui-se por outra qualquer, uma vez que cada uma delas carece de singularidade“.
O status de artista
A substituição constante de artistas dá-se pela fraca qualidade de seus trabalhos, “tudo aquilo que o artista realiza está predestinado a ser arte, excremento, objetos e fotografias pessoais, imitações, mensagens de internet, brinquedos, etc. Atualmente, fazer arte é um exercício ególatra; as performances, os vídeos, as instalações estão feitas de maneira tão óbvia que subjuga a simplicidade criativa, além de serem peças que, em sua grande maioria, apelam ao mínimo esforço cuja acessibilidade criativa revela tratar-se de uma realidade que poderia ter sido alcançada por qualquer um“.
Neste sentido, Lésper afirma queao conceder o status de artista a qualquer um, todo o mérito é-lhe dissolvido e ocorre uma banalização. “Cada vez que alguém sem qualquer mérito e sem trabalho realmente excepcional expõe, a arte deprecia-se em sua presença e concepção. Quanto mais artistas existirem, piores são as obrasA quantidade não reflete a qualidade“.
 Que cada trabalho fale pelo artista
O artista do ready made  atinge a todas as dimensões, mas as atinge com pouco profissionalismo; sfaz vídeo, não alcança os padrões requeridos pelo cinema ou pela publicidade; sfaz obras eletrónicasmanda-as fazer, sem ser capaz de alcançar os padrões de um técnico mediano; senvolve-se com sons, não chega à experiência proporcionada por um DJ; assume que, por tratar-se de uma obra de arte contemporânea, não tem porquê alcançar um mínimo rigor de qualidade em sua realização.
Os artistas fazem coisas extraordinárias e demonstram em cada trabalho sua condição de criadoresNem Damien Hirst, nem Gabriel Orozco, nem Teresa Margolles, nem a imensa e crescente lista de artistas o são de fato. E isto não o digo eu, dizem suas obras por eles“.
 Para os Estudantes
Como conselho aos estudantes, Avelina diz que deixem que suas obras falem por eles, não um curador, um sistema ou um dogma.Sua obra dirá se são ou não artistas e, se produzem esta falsa arte, repito, não são artistas”.
O público ignorante
Lésper assegura que, nos dias que correm, a arte deixou de ser inclusiva, pelo que voltou-se contra seus próprios princípios dogmáticos e, caso não agrade ao espectador, acusa-o de “ignorante, estúpido e diz-lhe com grande arrogância que, se não agrada é por que não a percebe“.
O espectador, para evitar ser chamado ignorante, não pode dizer aquilo que pensa, uma vez que, para esta arte, todo público que não submete-se a ela é imbecil, ignorante e nunca estará a altura da peça exposta ou do artista por trás dela.Desta maneira, o espectador deixa de presenciar obras que demonstrem inteligência”.
Finalizando
Finalmente, Lésper sinaliza que a arte contemporáneé endogámica, elitista; com vocação segregacionista, é realizada para sua própria estrutura burocrática, favorecendo apenas às instituições e seus patrocinadores. “A obsessão pedagógica, a necesidade de explicar cada obra, cada exposição gera a sobre-produção de textos que nada mais é do que uma encenação implícita de critérios, uma negação à experiência estética livre, uma sobre-intelectualização da obra para sobrevalorizá-la e impedir que a sua percepção seja exercida com naturalidade“.
A criação é livre, no entanto a contemplação não é. “Estamos diante da ditadura do mais medíocre”
fonte: Vanguardia

terça-feira, janeiro 14, 2014

Lixo literário


Considerações sobre uma entrevista a um jornal regional do Responsável da Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira e o que se lhe seguiu
 Li as notícias que o O Mirante publicou na sequência da entrevista àquele jornal do Responsável da Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira, Dr. Vítor Figueiredo, em que falava, entre outros assuntos bem mais importantes, de um livro que é recorde de vendas em Portugal e em grande parte do mundo.
A minha opinião é totalmente diferente da do jornal e das pessoas que intervieram. Vejamos:
 1) Um responsável de uma Biblioteca pública não tem verba para
adquirir toda a lista de livros que mensalmente são publicados pelas editoras. Tem, pois, de escolher e é ele a fazê-lo com a colaboração da sua equipa, mas sendo sempre ele o responsável. Mas tem de seleccionar.
Por cada mau livro que adquirir, é um bom livro que não é posto à disposição dos leitores.
Mesmo que tenha um orçamento muito dilatado deve seleccionar. 
 2) Tem de ter em conta os pedidos dos leitores, mas pode não aceitar tudo o que lhe é pedido. Mais uma vez tem de seleccionar.
 3) O seu critério de selecção tem de ter em conta a qualidade dos livros a adquirir. Uma biblioteca pública não é um Hipermercado, onde se vende tudo o que dá lucro. Para mais, as editoras, mesmo as mais criteriosas, publicam toda a espécie de "lixo literário". Ora um responsável de uma biblioteca pública não pode alinhar em todo o "lixo" que lhe queiram vender. As pessoas têm direito a ler tudo o que quiserem, mas as Bibliotecas públicas é que não podem aceitar tudo.
 4) Eu até defendo que as bibliotecas municipais deviam ser com as colectividades populares e os museus um contrapoder à cultura vigente, que privilegia o que dá lucro e não o que tem qualidade ou/e é incómodo (por exemplo, o Neo-Realismo). Não só nos livros que adquirem, como nas iniciativas de divulgação daquilo que é realmente bom. Claro que a qualidade é sempre discutível. Mas há livros cuja qualidade ninguém põe em causa. Outros estão no limiar.  Todavia, o critério principal deve ser a qualidade e também a importância.
 5) As livrarias estão cheias de "lixo literário", que os meios de comunicação social de grande projecção incentivam. Ora não! Aos seus patrões interessa que as pessoas leiam coisas que as desviem dos verdadeiros problemas, que lhes não dêem informação, que não as façam pensar. Muitas editoras pagam espaço nas livrarias para que os seus livros tenham a melhor exposição.
 6) Também estão cheias de livros estrangeiros, particularmente estadunidenses, que melhor se afeiçoam ao objectivo de alienar os leitores. Além disso, nos livros de autores estrangeiros as editoras portuguesas podem aldrabar nas tiragens, fugindo ao pagamento de direitos, prática que já é muito antiga em Portugal; de que já tenho notícia desde os anos 40; certas editoras eram bem conhecidas por essa prática.
 7) Por isso, se vê muita gente que lia Ferreira de Castro, Aquilino Ribeiro ou os neo-realistas a lerem hoje José Rodrigues dos Santos, Margarida Rebelo Pinto, etc. e outros exemplos do tal "lixo". Por isso, a nossa conterrânea Ana Cristina Silva não tem a divulgação que merece. E também outros, muito melhores que os tais muito divulgados. E os autores mais jovens que vão aparecendo, inicialmente com algum impacte, não reeditam os seus livros. E até com muitos dos mais consagrados as reedições não se fazem. Muitos já desistiram de escrever.
Tudo isto pode conduzir, a prazo, à liquidação da literatura portuguesa.
 8) O mesmo acontece com a Música, o teatro e o cinema. A primeiro e o último, a nível europeu, já foram destruídos pela indústria americana (quase foram reduzidos a uma divulgação no país de origem); que se prepara para também destruir a literatura europeia. Com o teatro também tentam, especialmente com os musicais. É que os produtos culturais já correspondem a uma boa fatia das exportações estadunidenses, sendo necessário destruir a concorrência.
 9) A acção do jornal reforça essa tendência monopolizadora, reduzindo o espaço de manobra daqueles que lutam contra ela.
 10) Esta ofensiva dos grandes grupos que querem dominar a cultura terá a prazo graves consequências, impondo uma visão do mundo que lhes interessa, uma visão acrítica, sem compreensão dos mecanismos de poder, imbecil, que facilite o seu domínio.
 11) É isso que O Mirante pretende com uma pretensa liberdade de cada um ler o que lhe apetece, sem qualquer sentido crítico?
Como se pode achar que se "trata de um acto de censura"? A Censura em Portugal não foi assim. A Censura seleccionava o que adquiria ou proibia para todo o espaço geográfico que controlava? Não cortava o que não queria que fosse lido, pura e simplesmente?
 12) Já agora por que razão as Bibliotecas não hão-de comprar as revistas  pornográficas, porque muita gente as veria, aumentando os utentes das bibliotecas? Se tudo o que os utentes querem as bibliotecas têm de adquirir, porque não? E também os filmes pornográficos?
 13) A Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira tem realizado das melhores iniciativas de divulgação da literatura portuguesa de entre as bibliotecas portuguesas: exposições, sessões, debates. Ganhou, por mais de uma vez, o Prémio Fundação Calouste Gulbenkian. É esse trabalho, que a grande maioria dos vilafranquenses não usufrui, que estão a querer destruir, afastando, eventualmente, o seu responsável, num momento em que há um concurso público para o lugar?
 14) Acho que quem se pronunciou sobre este assunto devia ter pensado bem no jogo complexo que está em questão.

A. Mota Redol
Janeiro de 2014
(Recebido por email)


quinta-feira, janeiro 09, 2014

Folhetim (2)

Folhetim (2)

MACHETE / BRAGUINHA (cont.)

O termo Braguinha, usado na ilha da Madeira para designar o Machete ou Machetinho, aparece em 1887, num poema dedicado à "Dança das Espadas" na Ribeira Brava, onde se lê: "[...] E depois a musicata... / Que precede aquella dança! / Rajão, viola, pandeiro / Instrumentos de chibança; / E o clássico braguinha; / Oh que bella fadistança.". O vocábulo Braguinha aqui usado, é resultante da simplificação da designação de "Machetinho de Braga" ou "Machete de Braga", que vamos encontrar em textos e manuscritos musicais no Funchal, entre 1899 e 1904, para indicar este cordofone, de cordas dedilhas. Estamos a falar de um instrumento músico mas que ainda não o vimos, isto é, ainda não o mostramos representado do ponto de vista iconográfico. São muitas as gravuras, coloridas (ou não), desenhos aguarelados ou guaches, onde se mostram as características morfológica deste pequeno cordofone de mão: caixa, ou corpo, em forma de oito, braço longo que termina por um cravelhal contendo quatro cravelhas dorsais, que servem quatro cordas. Uma das representações mais belas e importantes foi publicado no livro de Andrew Picken (1788-1833), " Madeira Illustrated", dada à estampa em Londres no ano de 1840, intitulado "Funchal From Saõ Lazaro" (ver abaxo, n.º 1). Numa gravura, não menos bela, publicada no livro do médico inglês Michael C. Grabham (fl. 1869-70), Londres 1870, sob o título "Funchal, from the Palheiro road" (n.º 2), o pequeno e peculiar instrumento é aí representado. "Ainda que a iconografia possa ser um complemento importante para o estudo organológico e morfológico dos diferentes tipos de instrumentos madeirenses de corda dedilhada, devem ser tomados com bastante cautela, em virtude de muitos destes desenhos/gravura nem sempre reproduzem fielmente a realidade local, nem os seus autores serem peritos em música". Ainda que muito importantes, estas representações iconográficas valem o que valem, mas não podem ser tomadas como uma verdade irrefutável. Daí que teremos de buscar outras modos de fixação da realidade factual, como é o caso da fotografia, em pleno desenvolvimento neste século de 1800. A primeira aqui usada é uma fotografia (de um fotografo funchalense) da bela imperatriz da Áustria, Elizabeth (1837-1898), conhecida por Sissi, que esteve por duas vezes na Madeira, onde na primeira, em Novembro de 1860, posou com as suas damas de companhia, empunhando um machete (construído por Ocataviano João Nunes) que teve a possibilade de tocar e estudar com o "hábil machetista", Cândido Drumond de Vasconcelos (fl. 1841-1875; ver, n.º 3) . "Last but not least", é a descoberta de um, conjunto de fotografias, datadas de 1860, das três irmãs inglesas, Alice, Lorina e Edith Liddell, fotografadas por Lewis Carroll. Dois tipos de Machete ou Machetinho aí se monstram: dois de escala rasa com o tampo e outro de escala em ressalto. Ainda que para alguns madeirense lhe custe aceitar que o Machete não era um instrumento exclusivo da ilha da Madeira, muitos documentos, onde incluo-o estas fotografias, são prova irrefutável desse facto: que o pequeno e peculiar cordofone de mão era tocado "gozado e abusado" fora da "Perola do Atlântico". As três "mininas" inglesas disso fazem prova, juntando que estão vestidas com roupas bordadas e com rendas madeirenses, vestidos esses que são usados por uma classe da alta burguesia inglesa. Mas o que é exclusivo do arquipélago da Madeira - único em toda a macaronésia, como também no Continente, no Brasil e em todos os longínquos lugares onde este pequeno "quatro" se usa - é o seu repertório único e tão diversificado de obras escritas por um grupo de compositores funchalenses, fixadas em manuscritos, compilados entre ca. 1840 a 1904, sejam para ser tocadas a solo, em duo, em trio, acompanhado pela viola francesa ou violão, acompanhando o canto (com letras em português e em inglês). Este "milagre" é resultante da terrível tísica que assolou todo o século XIX e parte da centúria seguinte, e que teve como destino curativo a bela e esplendorosa ilha da Madeira, que como diz a letra do fado composto por Reynaldo Varela, por volta de 1900 : A Madeira é um encanto / Bela cidade é o Funchal / Do oceano é a pérola / A joia de Portugal.".

P.S.: Lewis Carroll, cujo nome é Charles Lutwidge Dodgson (Daresbury, 27-I-1832 — Guildford, 14-I-1898), foi, além de fotógrafo de renome, um romancista, poeta e matemático britânico. Leccionou matemática no Christ College, em Oxford, e é mundialmente famoso por ser o autor do livro "Alice no País das Maravilhas" e dos poemas presentes nesse livro, além de outros escritos em estilo "nonsense" ao longo de sua carreira literária, sendo considerados pelos críticos, em função das fusões e da disposição espacial das palavras, como precursores da poesia de vanguarda.

1. A. Picken, "Funchal From Saõ Lazaro"; 2. M. C. Grabham (fl. 1869-70), "Funchal, from the Palheiro road"; 3. Sissi (Foto de Vicente Gomes da Silva, Funchal, 1860); 4. Alice, Lorina e Edith Liddell e 5. Lorina Liddell (fotos de Lewis Carroll)
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(5 fotos)

Autor: Manuel Morais

segunda-feira, janeiro 06, 2014

Eusébio merecia muito melhor

Eusébio merecia muito melhor da comunicação social, das TVs em especial.
Temos um povo agarrado às TVs, quando não dependente, está horas e horas fixo nos “Portugal em Festa”, na “Casa dos Segredos”, e outros programas informativos de tragédia e lágrimas.

Eusébio merecia muito melhor, mesmo que fosse muito menos que aquilo que a comunicação social está a passar.

sábado, janeiro 04, 2014

Gândara

No século XIX, antes da vulgarização dos fornos de cal na Gândara, que era cara pela extração da pedra, o preço do combustível (lenha) e o transporte, este bem mais barato, a casa gandaresa era feita de lama.
Estas fotos foram tiradas hoje nos Carreiros, a terra do meu avô Manuel Ribeiro Cebola.

(Clica na imagem para ampliar)

Momento de poesia



Discurso do filho-da-puta.

O pequeno filho-da-puta
é sempre
um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.

no entanto, há
filhos-da-puta que nascem
grandes e filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos
palmos, diz ainda
o pequeno filho-da-puta.

o pequeno
filho-da-puta
tem uma pequena
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o pequeno
filho-da-puta.

no entanto,
o pequeno filho-da-puta
tem orgulho
em ser
o pequeno filho-da-puta.
todos os grandes
filhos-da-puta
são reproduções em
ponto grande
do pequeno
filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

dentro do
pequeno filho-da-puta
estão em ideia
todos os grandes filhos-da-puta,
diz o
pequeno filho-da-puta.
tudo o que é mau
para o pequeno
é mau
para o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

o pequeno filho-da-puta
foi concebido
pelo pequeno senhor
à sua imagem
e semelhança,
diz o pequeno filho-da-puta.

é o pequeno filho-da-puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que
ele precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o
pequeno filho-da-puta.
de resto,
o pequeno filho-da-puta vê
com bons olhos
o engrandecimento
do grande filho-da-puta:
o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples Sobejo
ou seja,
o pequeno filho-da-puta.


II

o grande filho-da-puta
também em certos casos começa
por ser
um pequeno filho-da-puta,
e não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não possa
vir a ser
um grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

no entanto,
há filhos-da-puta
que já nascem grandes
e filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o grande filho-da-puta.

de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos
palmos, diz ainda
o grande filho-da-puta.

o grande filho-da-puta
tem uma grande
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o grande filho-da-puta.

por isso
o grande filho-da-puta
tem orgulho em ser
o grande filho-da-puta.

todos
os pequenos filhos-da-puta
são reproduções em
ponto pequeno
do grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
dentro do
grande filho-da-puta
estão em ideia
todos os
pequenos filhos-da-puta,
diz o
grande filho-da-puta.

tudo o que é bom
para o grande
não pode
deixar de ser igualmente bom
para os pequenos filhos-da-puta,
diz
o grande filho-da-puta.

o grande filho-da-puta
foi concebido
pelo grande senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o grande filho-da-puta.

é o grande filho-da-puta
que dá ao pequeno
tudo aquilo de que ele
precisa para ser
o pequeno filho-da-puta,
diz o
grande filho-da-puta.
de resto,
o grande filho-da-puta
vê com bons olhos
a multiplicação
do pequeno filho-da-puta:
o grande filho-da-puta
o grande senhor
Santo e Senha
Símbolo Supremo
ou seja,
o grande filho-da-puta.


Poema de Alberto Pimenta

sexta-feira, janeiro 03, 2014

Sejamos optimistas


- Sejamos optimistas!
Vamos declarar o estado de emergência como solução para o problema que nós criámos.
- Sejamos optimistas!
Ficam informados que nada muda, e se algo mudar não será bom.